Hike and Fly e Bivouac na Serra da Careta

O Hike and Fly Bivouac é uma das práticas que vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Na Europa e em outros países em que o montanhismo é mais forte, essa prática já é bastante comum. A palavra Bivouac (Bivaque) tem origem francesa e vem do termo alemão biwacht e atualmente é tido, por definição, como um acampamento provisório, que pode ser feito utilizando uma barraca ou apenas um saco de dormir, ao ar livre.

No último final de semana, um grupo liderado pelo instrutor de voo livre e de Hike and Fly, Eduardo Moraes foi até a Serra da Careta, onde passaram a noite e decolaram na manhã seguinte. A Serra da Careta está localizada dentro do Parque Estadual da Serra do Papagaio e pertence ao município de Baependi (MG). Seu ponto culminante tem aproximadamente 2080 metros de altitude e de lá é possível observar outros pontos da Serra da Mantiqueira, como o Parque Nacional do Itatiaia, Serra Fina, Marins e Itaguaré.

Segundo Eduardo, a prática possibilita que o voo de montanhas mais altas, distantes ou mais técnicas seja possível, pois a ascensão é feita no dia anterior. Após passar a noite no cume ou próximo dele, é possível descer voando no dia seguinte ou decolar de uma montanha e se deslocar por distâncias maiores, fazendo assim uma viagem de vários dias usando o parapente e a caminhada para se locomover e tendo toda a infraestrutura do acampamento na mochila.

Imagens: Silvano de Franca

Conversamos com Eduardo, que nos contou que comumente ele guia grupos formados por alunos, amigos e pilotos de outras cidades, que se interessam pela prática e o procuram para fazer parte das expedições. “O grupo do último final de semana era bastante diversificado, com pilotos mais experientes, outros pilotos menos experientes, mas já formados e também alunos que estão sob orientação”. Ele destacou que pilotos de todos os níveis podem fazer bivouac, porém, os menos experientes devem ser guiados por alguém mais experiente. No H&F, é requerido um pouco mais de cautela do que no voo livre convencional, já que muitas vezes, os locais acessados são espaços naturais e não sítios de voo regulares. Sendo assim, o piloto precisa ter conhecimento para fazer uma análise da aerologia local e demais características, visando sua segurança.

“A utilização de equipamentos específicos é crucial para reduzir o peso da mochila e tornar a aventura na montanha um momento agradável”, disse Edu. O ideal é que sejam utilizados os equipamentos denominados Lights ou Ultralights, que são os equipamentos fabricados utilizando materiais mais leves.

Dentre os equipamentos fundamentais para o bivouac, estão a barraca, o isolante térmico inflável e um bom saco de dormir que tenha a capacidade de manter o conforto térmico no topo da montanha, que geralmente é mais frio. Outros itens que não podem ficar de fora: lanterna, fogareiro, gás, comida e água. Vale ressaltar que a água não deve ser negligenciada, pois as vezes a montanha não oferece fontes de abastecimento ou as mesmas estão secas em determinados períodos do ano. A água é importante para consumo, o preparo de alimentos e higiene pessoal durante o acampamento. Outro dica que ele considera fundamental é o tipo de mochila utilizada, um item importante tanto no que diz respeito ao espaço para acomodação dos itens, quando no conforto ao carregá-la, já que muitas vezes, são horas e horas de caminhada até o cume da montanha.

Além do equipamento específico, outra dica para quem quer experimentar o voo bivoauc e ter uma boa experiência é o condicionamento físico. Ter um preparo físico é importante pois o peso da mochila e o ataque à montanha acabam fadigando mais do que uma caminhada normal. Ainda, não podemos esquecer de roupas e calçados adequados para a caminhada e para passar a noite na montanha.

No Brasil existem rotas incríveis para a prática de bivouac aliado ao H&F, como as Serras da Mantiqueira, Bocaína e Canastra, além das Chapadas Diamantina e dos Veadeiros e diversas montanhas nos Parques Nacionais de Ibitipoca, Caparaó e outros. Edu deixa um convite para quem se interessar por essa experiência. Com um grupo expressivo de praticantes de H&F em Atibaia, comumente eles se organizam e passam alguns dias, pelas montanhas da Mantiqueira e região. Mais informações pelo @fly_limit_edu.

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