Decolagem na Rampa do Mirante, em Monte Verde. Acesso leva 40 minutos caminhando. |
A idéia de subir caminhando até a rampa de decolagem com o paraglider nas costas pode parecer uma grande bobagem a primeira vista: Porque abrir mão do conforto do ar condiconado do automóvel para encarar horas de esforço em uma peregrinação sofrida montanha acima, carregando um peso desproporcional, enfrentando mosquitos, sol e sede?
O curioso, porém, é que a pratica do hike and fly (ou caminhada e voo), na Europa, é extremamente comum e não estamos falando de super atletas no Red Bull XAlps, mas sim de homens mulheres e até senhorinhas!
A verdade é que, dependendo de seu local de voo, a caminhada até a rampa pode ser a melhor opção! Mais prática que a subida de automóvel.
Entenda porque cada dia mais pilotos de paraglider são adeptos do hike and fly:
1) Atividade física
O voo livre não demanda muita atividade física dos pilotos, os poucos passos do carro até a rampa e aquela corridinha na decolagem e no pouso não serão suficientes para saúde ou boa forma.
Para complicar, o voo livre é uma atividade que demanda tempo e dedicação, e, portanto, é dificil acoplar uma atividade física em uma rotina já apertada.
Por isso praticar o hike and fly, ou caminhar até a rampa, se torna tão atrativo. Você vai unir o voo de paraglider a um exercício relevante, tornando tudo uma só atividade.
A principio pode parecer muito difícil subir até rampa, porém, insisto, isso é mais um fantasma que uma real dificuldade.
Sabemos que cada rampa tem seu grau de dificuldade / distância / desnível, tornando a subida mais ou menos exigente, entretanto, se a caminhada até sua rampa de voo pode ser completada entre 1h a 2h de caminhada, voce deveria experimentar.
Sabemos que cada rampa tem seu grau de dificuldade / distância / desnível, tornando a subida mais ou menos exigente, entretanto, se a caminhada até sua rampa de voo pode ser completada entre 1h a 2h de caminhada, voce deveria experimentar.
Uma boa dica para começar é pedir para que seus colegas pilotos levem o seu equipamento até a rampa usando o carro, de modo que sua caminhada seja sem peso nas primeiras vezes.
Aos poucos voce vai perceber que uma a duas horas caminhando passa em um piscar de olhos. Há tempo de ver as condição de vôo evoluindo ao longo da manhã, as nuvens se formando, o início do ciclo das térmicas, a força e direção do vento.
Note bem que você está caminhando para ir voar, esse é melhor estímulo que poderiamos ter não é? O vôo será a cereja no bolo de seu dia, a recompensa depois do esforço.
2) Explorar rampas novas e exclusivas
O Pico da Onça, em São Francisco Xavier, já foi rampa de asa delta, hoje só se chega caminhando. Foto: Jefferson Estevam |
Assumido que o acesso até o local de decolagem será caminhado, qualquer montanha se torna, potencialmente, uma rampa de voo. A sensação de liberdade e exploração é super estimulante.
Há dezenas de montanhas e picos que, hoje, são explorados apenas para trekking e escalada em rocha e não há qualquer a razão para não servirem também de rampa para o voo livre. Veja por exemplo, que super bacana o hike and fly no Pico dos Marins, em SP.
Voce terá de usar todo o seu conhecimento de voo livre para escolher a decolagem, o pouso, e executar seu plano de voo. Se essa não for a essência do voo livre, não sei dizer o que seria.
3) Se não der voo, voce aproveitou a caminhada
Os montanhistas estão subindo montanhas há décadas apenas pelo prazer de chegar lá em cima. A satisfação de suportar o esforço e superar a subida já é um sentido em si mesmo. O vôo passa a ser o complemento de uma atividade maior e mais recompensadora na montanha.
Nas rampas convencionais, é comum ter tráfego nas estradas, há irritação, demora, gasolina e, se não der voo, seu dia não foi muito legal e terá que voltar, de novo, pelo transito e muvuca.
4) Mais pessoas podem se juntar ao passeio
Convide as pessoas para subir na rampa com voce: fazer uma trilha ou caminhada é uma atividade muito mais interessante do que subir até a rampa de carro.
As pessoas que o acompanhar na caminhada se sentirão parte ativa na aventura e terão o mesmo mérito que voce ao chegar ao local de decolagem.
Pela minha experiência, o fato de os acompanhantes voltarem caminhando sozinhos não é um problema, pelo contrário, em geral eles se concentram em reconhecer bem o caminho de volta e estarem aptos a cumprir sua própria jornada.
Levar esposa, filhos, amigos ou parentes para a rampa se torna uma aventura coletiva mais relevante para todos.
5) Voce não precisa de resgate
Salvo em Governador Valadares e algumas poucas cidades que possuem o ônibus circular até a rampa. A maior parte dos pilotos não se dá conta da vantagem de não precisar do resgate porquê, efetivamente, nunca passaram por isso.
A idéia aqui é estacionar seu carro próximo a um pouso seguro e imediatamente se tornar autônomo na atividade de voo livre.
Ao acordar pela manhã e dizer: – hoje quero voar! – isso basta para você ir.
Não será necessário chamar algum amigo para dirigir, nem “ver se tem alguém subindo” para pegar carona ou, ainda, não terá que desembolsar uma grana para contratar um motora resgate.
Voce pousa, enrola e vela, entra no carro e é isso!
Essa vantagem não conta para voo de cross country, mas já vai ajudar nos dias de voo em seu local.
Lembre-se que o pouso que voce vai deixar o carro não precisa, obrigatoriamente, ser o pouso oficial da rampa. Quase sempre há pousos alternativos mais próximos da rampa e que servem melhor para essa função.
14 de outubro de 2015
Ótimo texto, ótimo blog, ótimas informações!
Parabéns e obrigado pela motivação!
29 de outubro de 2015
Bora pra cima Daniel. Grato pelas palavras.
21 de março de 2019
Parabéns Montoya pelas informações! Já queira me enveredar por esse lado do esporte e agora estou mais motivado ainda. Vou ver se consigo seu contato com os voadores de S. Francisco Xavier. Abraço! Bruno Uai Fai.